sábado, 13 de setembro de 2008

O Menino do Mangue e os Caranguejos Fugitivos - Final

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Acolum narrava sua estória com a maior seriedade. Mesmo falando baixo, todos ouviram e por um breve tempo, ficaram em silêncio. Começaram a se olhar sem entender nada até que as gargalhadas dominaram o ambiente e não deixaram mais o jovem continuar. O pessoal simplesmente detonou Acolum com todo o tipo de piada possível. Quase mataram o visitante maluco da cidade grande de tanto tirarem sarro. Ele não conseguia nem falar nada. Simplesmente foi o tema da comédia por horas. Já no final da festa, quase amanhecendo, Acolum aproveitou que esqueceram dele e foi lá fora fumar um cigarro. Quando percebeu, a menina que não comeu caranguejo estava de pé ao lado dele pedindo o isqueiro. Acolum sorriu e acendeu o cigarro para ela. Por alguns instantes, os dois ficaram em silêncio até que ela falou: _Eu acredito em você. Também já vi o Caranguejo Justiceiro. Acolum permaneceu quieto, até que algumas tragadas depois acusou a menina: _Você tá me zoando! A garota ficou ali por mais um tempo e depois voltou para dentro da casa. Ele ficou lá fora, esperando o sol chegar e pensando em tudo o que aconteceu naquela noite.Depois que Acolum lanchou, eles saíram rumo à caranguejada na casa dos amigos e aproveitaram o trajeto para “matarem uma sobremesa”. Uns dez minutos depois o rapaz cruzou os dedos das mãos atrás da nuca e se espreguiçou no banco traseiro. Abriu a boca num bocejo prolongado. Usando a xepa de Maiag, acendeu um cigarro e disse que realmente o assunto caranguejo é muito interessante... facilmente daria uma tese gigantesca. Em seguida, Acolum falou que a única coisa com a qual realmente jamais concordaria, era cozinhar os bichos vivos: _Prá quê? Os amigos riram muito e concordaram com o visitante que agora encenava o desespero dos bichinhos tentando escapar da panela. De repente, pelo canto do olho, Acolum viu um vulto vermelho sair em alta velocidade do muro de uma casa à direita e vir em direção ao carro. Antes que ele pudesse falar ou fazer alguma coisa, um cara vestido com uma roupa vermelha e colante, usando um shorts azul meio roxo, pendurado em um fino cabo de aço, passou velozmente sobre o automóvel, lançou uma pequena rede e pegou o caranguejo no meio da rua. Gaiom e Maiag estavam ainda distraídos e rindo quando Acolum gritou: _Cuidado!!! Neste momento, as luzes da quadra apagaram e o carro morreu. Demorou apenas alguns segundos para a luz retornar. Acolum se desculpou pelo alarme falso e muito confuso disse que havia visto um caranguejo enorme no meio da rua. Rindo com vontade da explicação e do susto que o amigo levou, Gaiom ligou o carro e deu partida. Maiag também rindo muito, aumentou o volume do som e acendeu outro cigarro afirmando que apesar de ter sido engraçada esta história do caranguejo enorme, ela estava muito nervosa. Colocou a responsabilidade em Acolum: _Olha só a tremedeira da minha mão... que pira foi aquela das luzes? Vou ter que fumar outro cigarro... culpa tua Acolum!!! O celular dela tocou. _Estamos indo... paramos para nosso amigo lanchar... é, lanchar, ele não come caranguejo... sei lá... não gosta... diz que não come nada com dez pernas. Eu sei né Ogiam... já falei pra ele que são patas ... estamos indo... beijão. Enquanto Gaiom dobrava a esquina, Acolum olhava para os telhados das casas. Achou ter visto um vulto sobre uma delas e seu coração disparou. Querendo ser visto, o Caranguejo Justiceiro saiu das sombras e apareceu para Acolum. Mostrou o caranguejo são e salvo em sua mão direita. Com a esquerda fez um sinal de positivo. Antes que pudesse ter alguma reação, Acolum viu o Caranguejo Justiceiro sumir pendurado em seu fino cabo de aço, tão rápido quanto antes, quando ele passou por cima do carro e salvou o caranguejo com uma fina rede elástica. Maiag percebeu a viagem do amigo e perguntou: _O que você tá olhando Acolum? Tá procurando o caranguejo enorme em cima dos telhados? A coisa é boa mesmo!!! Ele disfarçou e falou sorrindo que ela era uma grande comediante: _Meio idiota, mas muito engraçada. Todos riram ao som do indie rock e continuaram rumo à caranguejada.

Por Alexandre Santana
Revisão: Leyla

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