quarta-feira, 10 de setembro de 2008

O Menino do Mangue e os Caranguejos Fugitivos - Parte 4


Quanto mais se aproximava das coordenadas indicadas na tela, maio era freqüência do Bip do radar. Ele parou sobre o telhado de um sobrado. Segundo o radar de pulso, o local indicado era no quintal ao lado. Ali, agachado sobre as telhas, o homem de roupa vermelha permaneceu imóvel, observando o terreno da casa vizinha. _Vamos meu amigo... use suas patas e vá para a rua... Observou a tela mais uma vez. O ponto vermelho permanecia piscando no mesmo lugar. O homem continuou observando.Informando que o ponto vermelho estava se movimentando, o Bip do radar de pulso tocou mais uma vez. Vendo o Caranguejo sair de trás da moita e andar em direção ao portão, o homem de roupa vermelha e máscara comemorou: _Isso meu amigo...fuja para a rua!!! Lá embaixo, no quintal do sobrado, um cachorro começou a se incomodar com o Bip e a latir enfurecido. Tentando manter sua presença em segredo, o homem deixou o radar de pulso em modo silencioso. Manteve os olhos fixos no Caranguejo que agora lentamente se dirigia à rua. Quando o cachorro latiu mais algumas vezes, faltavam mais ou menos uns dois metros para o portão. Assustado com o, o Caranguejo parou. _Mas que droga – praguejou o homem –caranguejo estúpido... por que você não sai de uma vez?Após um longo período de vigília, os olhos do homem com máscara, roupa vermelha e shorts azul puxando para o roxo, começaram a fechar de sono. Ele cochilou e sonhou com a primeira vez que viu um caranguejo de verdade ainda vivo. Foi na casa de sua avó... além dele havia mais umas dez crianças e uns trinta adultos. As mulheres preparavam as coisas na cozinha e os homens bebiam cerveja e ajeitavam o churrasco. Como um furacão, um dos tios entrou na área com um saco e gritou animado: _Chegou o prato especial!!! Atrás dele a criançada pulava e pedia para ver o que ele havia trazido. Sem avisar ninguém, o homem abriu o saco e jogou dezenas de caranguejos no piso. Foi aquela gritaria. Algumas crianças menores choravam e fugiam aos berros. Muitas mulheres brigaram com o tio irresponsável, mas os outros homens riam e ainda assustavam mais as crianças, beliscando seus calcanhares enquanto elas estavam distraídas. Depois de algum tempo eles começaram a assustar até as mulheres. Foi uma bagunça.O homem sobre o telhado do sobrado acordou com o barulho de um carro se aproximando. Surpreso, olhou para a tela no radar de seu pulso e viu que o caranguejo estava já no meio da rua. Praguejando por ter pegado no sono, ele levantou rapidamente e sacou um tipo de pistola da cintura. Analisou a distância, velocidade e a trajetória do automóvel. Mais alguns metros e ele passaria com os pneus do lado esquerdo em cima da carapaça do bicho. _Pense... pense rápido – ele ordenou a si mesmo. Pressionou um botão no cinto vermelho e colocou um pequeno fone no ouvido. As lentes de sua máscara se tornaram duas pequenas telas. Ouviu uma mensagem: “Blecaute Preparado”. Apontou a pistola para o altíssimo poste de média tensão. Na tela do olho esquerdo, dois quadrados sobrepostos indicavam que o alvo estava na mira. Apertou o gatilho. Um pequeno projétil de metal em forma de arpão, preso a um fino cabo de aço, saiu do cano em alta velocidade e afundou no concreto do poste. O homem apertou um botão na pistola e ela começou a recolher o cabo rapidamente. Assim que tencionou, ele correu e se jogou do telhado. Caiu de pé sobre o muro da casa ao lado, de onde o caranguejo fugiu, e já pulou em direção a rua. Auxiliado pela forte tração do cabo de aço, ele se tornou um pêndulo horizontal e praticamente voou em direção ao carro. Mesmo em alta velocidade, trajetória em curva e a uns dois metros acima do automóvel, ele viu que os passageiros estavam rindo muito, gesticulando e não olhavam para frente.

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