quinta-feira, 11 de setembro de 2008

O Menino do Mangue e os Caranguejos Fugitivos - Parte 5


Enquanto se aproximava do carro, esticou o braço livre em direção aos paralelepípedos e usou a tela do olho esquerdo para mirar no caranguejo. Quando os dois quadrados se alinharam e a mensagem avisou que o alvo estava na mira, ele fez um movimento com o pulso. Do orifício na larga pulseira vermelha, saiu uma pequena rede presa com um elástico e apanhou o caranguejo, segundos antes que fosse esmagado. O homem já havia prendido o elástico no pequeno guincho em seu cinto e estava içando rapidamente o caranguejo quando alguém no carro gritou “Cuidado!!!”. Veloz como um raio, ele apertou o botão em seu cinto. Todas as luzes apagaram e o automóvel parou e logo desligou.Assim que Acolum berrou, Gaiom parou bruscamente o carro, fazendo os pneus “cantarem”. Todas as luzes da quadra se apagaram e o carro morreu. O casal apavorado olhou para frente e não viu nada. Acolum olhou para trás e para o alto mas também não viu nada, apenas escuridão. Alguns segundos depois, as luzes voltaram. _Você tá muito louco? – perguntou Maiag mexendo o pescoço dolorido pela freada – quer me matar do coração? Balançando a cabeça negativamente e rindo ao mesmo tempo, Gaiom disse: _Ainda bem que não vinha ninguém atrás. Mas que viagem, as luzes apagaram bem na hora!!! Sinistro!!! Acolum estava branco e assustado. _Fala Acolum, você está me deixando preocupada. O que foi que você imaginou ter enxergado? Ele olhou para ela, recompôs-se e pediu desculpa. Todo disfarçado, confuso, disse que achava ter visto um caranguejo enorme no meio da rua. Gaiom e Maiag se olharam e quase acabaram de tanto rir do amigo. _Só você mesmo Acolum – falou Gaiom – se preocupar com um caranguejo... nesta época é normal encontrar os bichinhos perdidos por aí... eles fogem do saco e se mandam. Volta e meia você dá de cara com um caranguejo na sala, no jardim, na calçada, na rua. É a época dos caranguejos.Rindo ainda com muita vontade, Gaiom deu a partida. Maiag também rindo muito, aumentou o volume do som e acendeu outro cigarro, afirmando que apesar de ter sido tudo muito engraçado, ela estava muito nervosa. Colocou a responsabilidade em Acolum: _Olha só a tremedeira da minha mão... que pira foi aquela das luzes? Vou ter que fumar outro cigarro. Culpa tua Acolum!!! O celular dela tocou. _Estamos indo... paramos para nosso amigo lanchar... é, lanchar, ele não come caranguejo... sei lá... não gosta... diz que não come nada com dez pernas. Eu sei né Ogiam... já falei pra ele que são patas... estamos indo... beijão. Enquanto Gaiom dobrava a esquina, Acolum olhava para os telhados das casas. Maiag percebeu e perguntou: _O que você tá olhando Acolum? Tá procurando o caranguejo enorme em cima dos telhados? Ele disfarçou e falou sorrindo que ela era uma grande comediante: _Meio idiota, mas muito engraçada. Todos riram ao som do indie rock e continuaram rumo à caranguejada. Depois que todo mundo se empanturrou de caranguejo, os amigos se reuniram para limpar a bagunça. Foi uma festa a parte. Até Acolum e a menina que também não comeu, acabaram ajudando na faxina. Bem que a dona da casa disse que eles não precisavam ajudar, mas Acolum respondeu que adorava estes mutirões, pois tinham um caráter comunista. Sorridente a menina concordou com o ponto-de-vista dele. Depois da limpeza comunitária, Gaiom pediu a palavra e agradeceu a presença de todos: _Para nós dois, é muito importante a presença de todos vocês nesta data tão importante. Também agradeço do fundo do meu coração aos donos da casa que sempre quebram estes galhos pra gente. Então, um brinde aos amigos do peito.Gaiom beijou Maiag e todos bateram palmas

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